Ganhando R$ 7 mil, ex-servidora do INSS comprou Mustangs de R$ 903 mil

A ex-servidora do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Cecília Rodrigues Mota, está sob investigação após movimentações financeiras e aquisições de luxo que chamam atenção por não parecerem compatíveis com sua renda declarada. Segundo documentos obtidos pela CPMI do INSS e reportagens, Cecília recebe mensalmente cerca de R$ 7,4 mil líquidos como aposentada, mas teria comprado dois SUVs Ford Mustang elétricos entre janeiro e março do ano passado, por R$ 451.806,90 cada, totalizando aproximadamente R$ 903,6 mil somente nessas duas aquisições.

O período de dezembro de 2023 a abril de 2024 revela que ela teria gasto cerca de R$ 1,3 milhão em veículos de alto valor, incluindo além dos Mustangs, uma caminhonete Ford Ranger e um Volkswagen Nivus. Também aparecem nas investigações compras de joias e acessórios caros: um relógio de aço e titânio com safira de cerca de R$ 30.188, colar de ouro 18k com pérolas, e brincos com pérolas.

O caso integra o que vem sendo chamado de “Farra do INSS”, um esquema investigado de descontos indevidos em aposentadorias, movimentações suspeitas envolvendo associações de aposentados e entidades de fachada, e transferência de recursos para servidores. Cecília Rodrigues Mota é apontada como uma “operadora” no esquema, presidindo associações que teriam obtido grande número de filiações em curtos períodos, sem comprovação de consentimento dos aposentados.

As suspeitas ganharam força especialmente pela incompatibilidade entre a renda declarada e o padrão de vida demonstrado pelas aquisições, além da continuidade do uso dos veículos mesmo após a deflagração da operação que investiga os descontos ilegais (chamada “Operação Sem Desconto”). Até o momento, Cecília não respondeu oficialmente aos pedidos de esclarecimento incluídos nas reportagens, mas o espaço foi aberto em diversos veículos de imprensa.