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Até novembro, quando ocorrerá a COP, o Brasil inteiro precisa imaginar qual é o rumo que sugerimos para o futuro da humanidade

  • Foto do escritor: Cristovam Buarque
    Cristovam Buarque
  • 29 de jan.
  • 3 min de leitura

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Até recentemente, o mundo era a soma dos países, agora, cada país é um pedaço do mundo; o mundo não é mais a soma de países soberanos, mas um sistema integrado deles. Os problemas passaram a ser planetários: mudanças climáticas, migração em massa, poder das big techs, crime organizado, internacionalização das cadeias de produção, pobreza, desemprego, inteligência artificial. Depois da radicalidade da globalização econômica e cultural, da disponibilidade das estatísticas globais com possibilidade de processá-las em computadores, das mudanças climáticas e depois da visão da Terra fotografada desde o espaço, já não faz sentido dizer "o que importa é meu país". Não se justifica mais dizer "Amazônia é nossa e podemos queimá-la, pavimentá-la, explorar seu petróleo". A Amazônia é nossa, mas temos uma responsabilidade para cuidar dela em nome da humanidade.

O mundo é um sistema de países, mas a política continua a decidir por país soberano, no máximo conversando entre eles, mas ainda com a visão de "o que importa é meu país". O mapa mundi com forma de quebra-cabeça, onde cada país é uma peça, já não representa a realidade onde todos são partes do conjunto. A geografia tradicional deixou de representar a realidade social, econômica e cultural, mas continua representando a realidade política. A geopolítica não representa a ecopolítica, mas ainda é a maneira de tomar decisões.

Antes, a Terra era questão de astrônomos e a humanidade, questão de filósofos. Agora, são temas do dia a dia, mas ainda não são questões políticas, porque eleitores e eleitos não votam para resolver problemas do mundo nem para fazer um mundo melhor no longo prazo; votam para seu país ser mais rico nos próximos anos, barrando imigrantes para proteger privilégios e para aumentar a produção industrial, mesmo contra as gerações futuras. Cada país é um pedaço do mundo com futuro comum, mas cada eleitor vê o mundo como reunião de países independentes e o seu, como o centro, não um pedaço do planeta.

No seu livro Minhas frases dos outros, Thélio Queiroz Farias cita frase de Joaquim Nabuco: "O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade". Com mais de cem anos, essa frase ainda é um conceito de filosofia moral, não de prática política. Ao receber votos dos eleitores individualistas, nacionalistas e imediatistas, cada dirigente continua comprometido com seu país e com o imediato, não olhando o futuro do mundo. Não adianta propor um impossível governo do mundo. A maneira de combinar humanismo e democracia é definir valores morais de interesse da humanidade que imponham limites ao poder dos eleitores de cada país: a moral fica humanista, a política continua nacional.

Essa é a importância das COPs, onde, apesar do nome ser Conferência das Partes, não do todo, diplomatas e militantes se reúnem para discutir o futuro do mundo, não de cada país isoladamente. Embora o acordo final deva ser aprovado e assinado conforme os interesses específicos de cada país por seu respectivo governo, é possível ter otimismo com a COP 30 em Belém, no próximo novembro. Primeiro, porque o Brasil é o país que melhor representa ao conjunto da humanidade; segundo, porque temos um presidente que depende dos votos nacionais, mas tem sensibilidade para os problemas mundiais, inclusive por presidir um país retrato do mundo; terceiro, porque o presidente da COP 30 será um competente e respeitado diplomata com consciência dos problemas do mundo.

Em Belém, na COP 30, sob a liderança do presidente Lula, com competência do embaixador André Aranha Corrêa do Lago e com o prestígio da ministra Marina Silva, o Brasil tem a grande chance de ser o país de onde possa sair uma alternativa para o futuro da humanidade. 

Para tanto, não devemos enfrentar os problemas do mundo sob a ótica do "o que importa é meu país, depois o resto". Os países desenvolvidos devem entender que o padrão de consumo de suas populações é insustentável, ainda que construam muros e deixem os imigrantes morrendo do outro lado, e os países em desenvolvimento — inclusive Brasil, Índia, China, Nigéria — precisam perceber que cada um de seus ricos consome mais do que o consumo médio de cada habitante dos países ricos. 

Até novembro, o Brasil precisa pensar como Nabuco e promover debates em escolas, universidades, clubes, associações, sindicatos, assembleias estaduais, câmaras municipais, o Brasil inteiro imaginando qual é o rumo que sugerimos para o futuro da humanidade, que ações tomar e do que estamos dispostos a abrir mão com a consciência de que somos um pedaço do mundo.

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