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A beleza, simplesmente

  • Foto do escritor: Ivan Alves Filho
    Ivan Alves Filho
  • 10 de out. de 2023
  • 2 min de leitura

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A beleza ou está nos nossos olhos – e então ela é natureza – ou escorrega pelos nossos dedos – e então ela é a imensa obra realizada pelos homens; ela é cultura.

Sob essa ótica, não se pode deixar de reconhecer, por exemplo, o encanto e a força dos nômades da Mauritânia, no Norte da África. Digo por qual razão.

Durante cerca de oitocentos anos, em suas peregrinações pelo deserto do Saara, esses nômades preservaram para nós mais de três mil manuscritos. Eram os livros da areia.

Versando sobre poesia, religião, astronomia, matemática, história, essa verdadeira biblioteca do deserto, transportada pelos sábios sobre o dorso dos dromedários, introduziu entre o céu e a terra a imensa paisagem do espírito humano. Comove. É próprio da literatura e da arte.

Como sabemos, os mitos gregos têm um valor extraordinário no tocante à revelação da alma e dos gestos humanos. Conheço um que é exemplar. Ele faz alusão ao nascimento da pintura. Segundo o mito, Dibutade, filha da cidade de Sicione, criou a expressão pictórica por sentir saudades de seu amor: Dibutade estampou em um muro da sua cidadezinha a silhueta do amado, que partira para a guerra.

Combateu a guerra com as armas da beleza. Quem disse que a Arte não tem função prática? Aliás, existe uma função mais bela do que querer parar uma guerra? A Arte, como o amor, pede delicadeza. Sussurra beleza ao mundo como o amante murmura palavras e sonhos aos ouvidos da mulher amada.

Tem algo mais singelo do que a louça da Companhia das Índias ou, então, um girassol de Van Gogh? Ou mesmo um contraponto de Bach? Tem? Ou, ainda, um plano captado pelas lentes de John Ford no Velho Oeste americano? Uma renda de bilro do Nordeste brasileiro? Um quadro de Botticelli? Ou, ainda, um soneto de Shakespeare? Se porventura existe, ainda não me foi dado ver.

É o equivalente, na vida, àqueles casais de velhinhos passeando de mãos dadas, em uma fase em que – conforme diria o poeta Manoel Bandeira – o fogo era já frio. Só que nunca o é de todo, pois a delicadeza permanece. E essa é toda a Arte.

A Arte como centro da vida de cada um de nós. Até que não seria nada mal. Ou os poetas não possuem a capacidade de nos ensinar mais sobre as estrelas do que os astrônomos? E isso por uma razão simples: os poetas sentem a presença das estrelas. E a recíproca é certamente verdadeira.

Mário Quintana, aquele passarinho dos pampas, escreveu isso um dia:


Se as coisas são inatingíveis...ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que triste o caminho se não fora

A presença distante das estrelas!

Ivan Alves Filho, historiador.

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