A FARRA DOS DEPUTADOS: UM ATAQUE AO DINHEIRO PÚBLICO E À DIGNIDADE DO BRASIL

Enquanto milhões de brasileiros sobrevivem com migalhas do Bolsa Família, enquanto hospitais públicos colapsam e escolas ficam sem recursos, a Câmara dos Deputados prioriza aumentar seu próprio tamanho – de 513 para 531 cadeiras – em um projeto que escancara o cinismo da elite política. Na verdade estão legislando em causa própria, traindo o povo brasileiro.

O STF exigiu uma revisão técnica da distribuição de deputados por estado, mas o Congresso a transformou em um truque para inflar a bancada. Enquanto o Brasil debate teto de gastos e ajuste fiscal, os deputados aumentam seu custo em plena crise. Cada novo parlamentar custa R$ 17 milhões/ano (salários, assessores, verbas de gabinete). Serão R$ 306 milhões/ano a mais só para sustentar essa oligarquia.

O Brasil já é um dos parlamentos mais caros do mundo. Enquanto os EUA com uma população de 331 milhões, tem 435 deputados, à Índia, com 1,4 bi de indianos, possui 545 deputados o Brasil com 203 milhões de brasileiros tem 513 deputados e pretendem passar para 531, uma vergonha internacional. Somos o 3º maior parlamento do mundo, atrás apenas de China (fantoche) e Índia (país com 7x nossa população). E ainda assim, deputados alegam "sub-representação". Mentira. O problema não é falta de vagas, mas superfaturamento de cargos.

A farra dos deputados com este projeto de aumento de vagas rouba seu dinheiro e piora sua vida. Basta lembrar que enquanto você espera 6 meses por uma consulta no SUS, enquanto seu filho estuda em escola sem merenda a Câmara dos Deputados quer gastar 306 milhões por ano para criar 18 novas vagas de deputados. Esta farra de suas excelências continua no orçamento que multiplica em privilégios e desigualdades de toda ordem como o orçamento secreto que suga 20 bilhões por ano em emendas não fiscalizadas. Este mesmo parlamento é o que gasta 150 mil por mês por deputado com verbas de gabinete, enquanto rejeita teto para salários, e quanto aprova aumento para si próprios.

Enquanto isso, 33 milhões passam fome, e o governo corta verbas da educação para pagar o rombo fiscal. Onde está a responsabilidade que tanto pregam? O que estão defendendo na verdade não é sobre representatividade. É sobre poder e dinheiro que ameaça a democracia. Essa oligarquia política legisla contra à sociedade que precisa reagir contra o aumenta de cadeiras que subtrai o seu dinheiro e piora a vida dos brasileiros.

Regis Cavalcante é jornalista e professor da Ufal