top of page
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • YouTube

A propósito do livro

  • Foto do escritor: Ivan Alves Filho
    Ivan Alves Filho
  • 18 de nov. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 20 de nov. de 2023



"A cesta de papéis é o primeiro móvel na casa de um escritor", garantiu certa vez o norte-americano Ernest Hemingway. De fato, escrever pode ser um ofício árduo. Mas é também muito prazeroso.

Todo livro, no fundo, implica introspecção; é uma espécie de literatura do eu. Mas isso não significa isolamento do mundo, pelo contrário. As confissões, de Santo Agostinho, este livro inaugural, comprovam isso. Além do que, é forçoso reconhecer que a beleza e a força dos gestos coletivos talvez sejam o que há de mais extraordinário na aventura humana. E, por esse gesto, eu entendo tanto a arte da pré-história, a chamada arte rupestre, quanto a filosofia grega ou as descobertas feitas durante o período Renascentista. Isso, para não mencionar a irrupção na História das práticas e ideias humanistas modernas, de Thomas Morus a Karl Marx e do filósofo alemão à contribuição de homens como Claude Lévi-Srauss. São feitos inesgotáveis e vigorosos porque verdadeiramente humanos.

Ao publicar um livro, alguns escritores chegam a exclamar: "Lancei um filho!". E eles estão etimologicamente corretos: a palavra latina editore, na origem, significa parir. Nada mais nada menos.

Um livro é mesmo um filho. De imediato, me saltou à memória a história de Cristóvão Colombo, o "descobridor" das Américas. Colombo deixou filhos, escreveu relatos extraordinários sobre o Novo Mundo. Só não sei se plantou alguma árvore - medida talvez dispensável na exuberante ilha Hespaniola, no agitado mar das Caraíbas. De toda forma, um de seus filhos se transformaria no maior colecionador de livros de seu tempo. Fernando Colombo - este o seu nome - reuniu, em Sevilha, cerca de 20 mil livros. Este Fernando era filho de Cristóvão Colombo com Beatriz Henriques, uma moça de origem humilde que com ele tivera uma ligação extraconjugal. Fernando reuniu todas essas obras em pleno século XVI, nunca é demais lembrar. Realmente extraordinário. Só que ocorreu um problema: Fernando Colombo não teve filhos e deixou um sobrinho seu encarregado de doar o formidável acervo à Catedral de Sevilha. Resultado: ninguém tomou conta de nada e quase tudo se perdeu. No final da vida, Fernando se queixava amargamente: "É mais difícil", disse ele, "guardar livros do que guardar donzelas. Estas, recatadas e honestas, quando as levam, gritam; mas o livro, se o levam, não pode gritar".



Ivan Alves Filho, historiador.

Comentarios


Inscreva-se para receber nossas notícias

Sobre nós

A equipe do RT Notícias é composta por jornalistas experientes e especializados em cobrir eventos globais. Eles possuem vasto conhecimento no campo do jornalismo e estão comprometidos em fornecer informações precisas e imparciais aos leitores. O RT Notícias valoriza a verdade, a objetividade e busca oferecer uma visão abrangente dos acontecimentos que influenciam o mundo.

bottom of page