Assinar urgência em PL de anistia é batom na cueca.
Regis Cavalcante
16 de abr.
3 min de leitura
Este projeto estende perdão para Bolsonaro, ex-ministro e militares envolvidos na organização da trama golpista. O que estamos discutindo no Cidadania é um projeto de autoria do ex-deputado Major Hugo (PL- GO) que pretende perdoar quem praticou crimes políticos ou eleitorais, independentemente de ser manifestantes, caminhoneiros e empresários, bem como todos os que tenham participado de manifestações. Das rodovias nacionais em frente aos quartéis ou em qualquer outro lugar do território nacional durante o período do dia “30 de Outubro de 2022 ao dia de entrada em vigor da futura lei”. É isto, que o líder do Cidadania, assinou para acelerar os acontecimentos. Isto é como chegar em casa com batom na cueca depois de sujar o símbolo da justiça após cometer todas atrocidades contra o Estado Democrático de Direito. Não é uma simples assinatura para permitir o debate. O que assinou foi o texto que ainda anistia quem quer que seja que financiou a organização dos eventos: Seja com Pix, dinheiro vivo em caixa de vinhos, propinas de emendas parlamentares, entre outros mecanismos de financiamentos e outras estupidez em pauta. Ou seja, perdão até para quem pregou o terror colocando uma bomba em carro tanque cheio de combustível, exatamente no natal de 2022, bem como para tudo que se seguiu no extremismo da idiotia.
Sei quanto custa uma ditadura. Vivenciei ainda na juventude pelos anos setenta do século passado o que representa o terror da força brutal contra quem defendia à liberdade e o livre pensar. Não foi uma simples assinatura, foi afirmação de quem elogia Trump, vota em Bolsonaro e flerta permanentemente com a extrema direita que deseja estrada livre para um novo golpe sem brechas para punição.
A metáfora do "batom na cueca" é perfeita para descrever a contradição grotesca de um partido como o “Cidadania”, com histórico de luta pela democracia, para apoiar um “PL de anistia a golpistas”. Vamos destrinchar o absurdo desse projeto e sua incompatibilidade com os princípios do partido, usando os fatos recentes o que representa um escárnio. O PL propõe perdão amplo que vai de anistiar crimes contra tentativa de golpe, invasão dos Três poderes, depredação do patrimônio público, bloqueio de rodovias e assassinar o presidente eleito, o vice e o ministro da suprema corte de justiça.
Agora imagine os beneficiários, inclui desde manifestantes até Bolsonaro, militares e financiadores da trama golpista, graças a artigos do projeto que abrangem eventos anteriores e posteriores ao 8/1. Extingue penas, devolve direitos políticos e reabilita golpistas, como o ex-presidente, hoje inelegível.
Por que é "batom na cueca"?
Assinar a urgência desse projeto é como “maquiar a barbárie” com discurso de "pacificação", enquanto se lava a roupa suja da democracia com sangue institucional.
Não considero uma simples assinatura de uma simples urgência. Considero uma traição ao Cidadania23. O partido não compactua com essa excrescência, sua executiva por unanimidade em nota repudia esta manobra contra a democracia. O partido, que nasceu do PCB/PPS e “combateu ditaduras”, agora tem uma bancada na Câmara dos Deputados assinando a urgência de um projeto que respalda a violência e Anistia quem planejou explosões no Aeroporto de Brasília e tentou assassinar autoridades, indo até quem financiou os ataques e espalhou fake news nas redes.
Por último, esta manobra golpista repete erros históricos da anistia de 1979, que passou à mão e julgou torturadores que alimentam o golpismo atual. Agora querem repetir o erro. 262 deputados assinaram a urgência, incluindo 146 da base aliada de Lula (MDB, PSD, União Brasil. A executiva nacional reunida por unanimidade repudiou este ato. O Cidadania quer preservar sua história “não pode compactuar” com essa lista, sob risco de virar “cúmplice do revisionismo golpista”.
Agora é preciso unir-se a frentes antifascistas, para pressionar Hugo Motta a não pautar o projeto . A normalização do golpismo se passar, criará um precedente para novas tentativas de ruptura. Ter assinado a urgência desse PL é manchar a história do partido com o mesmo verniz que encobriu a ditadura.
Traindo eleitores que votaram no Cidadania para defender às instituições,
Como diria o ministro Alexandre de Moraes: "Não existe pacificação com anistia a criminosos" . O Cidadania deve escolher: “estar do lado da democracia ou do batom na cueca”.
Comments