Giorno della Memoria: Resistência das vítimas do Holocausto e o alerta contra o silêncio

No dia 27 de janeiro, celebramos o Giorno della Memoria, um marco de profunda relevância para quem entende que lembrar as tragédias do passado é essencial para evitar que elas se repitam. Esta data honra a memória das vítimas do Holocausto, um dos capítulos mais sombrios e devastadores da história da humanidade, que jamais deve ser esquecido.

Entre as vozes que nos ajudam a manter viva a memória do Holocausto está a de Liliana Segre, uma italiana de 92 anos, sobrevivente de Auschwitz e hoje senadora vitalícia na Itália. Em 1938, com apenas 8 anos, Liliana foi forçada a abandonar a escola devido às leis raciais impostas pelo regime fascista de Benito Mussolini, que negavam a educação às crianças judias. Ela foi a única de sua família a sair viva do campo de concentração, após testemunhar o horror inimaginável que ceifou a vida de milhões de inocentes, incluindo seus próprios pais. Sua história é um símbolo de resiliência e um alerta eterno contra os perigos do ódio e da intolerância.

O Holocausto foi responsável pela morte de cerca de seis milhões de judeus, mas também vitimou ciganos, pessoas com deficiência, homossexuais, opositores políticos e outras minorias. Essas perdas representam não apenas números devastadores, mas milhões de vidas interrompidas, famílias destruídas, histórias apagadas e sonhos que nunca se realizaram. Por trás de cada vítima, havia um nome, um rosto, uma identidade que o nazismo tentou apagar, mas que deve ser lembrada.

Na Itália, o Giorno della Memoria foi instituído oficialmente em 2000, demonstrando o compromisso do país com a preservação da memória histórica. A escolha de 27 de janeiro não foi por acaso: nesta data, em 1945, o campo de extermínio de Auschwitz foi libertado, revelando ao mundo as atrocidades cometidas durante o regime nazista.

Como cidadã ítalo-brasileira, sinto-me profundamente conectada a essa data. Ela não apenas nos lembra do sofrimento de milhões de pessoas, mas também nos convida a refletir sobre o perigo do silêncio, da indiferença e da intolerância. A história de Liliana Segre, assim como a de tantas outras vítimas e sobreviventes, é um testemunho poderoso da necessidade de resistirmos ao ódio em todas as suas formas.

Lembrar do Holocausto não é apenas um dever histórico; é um compromisso moral. Não podemos permitir que as novas gerações esqueçam a devastação causada pelo preconceito e pelo fanatismo. É nosso dever ensinar que os direitos humanos não são negociáveis e que a empatia deve guiar nossas ações enquanto sociedade.

Tenho certeza de que a memória coletiva é um dos pilares para a construção de um mundo mais justo e igualitário, mas também a oportunidade de promover valores como respeito, tolerância e dignidade humana. A luta contra o ódio é constante e deve ser uma bandeira de todos.

Nos meus anos de atuação política e social, tanto no Brasil quanto na Itália, sempre defendi que a educação é a chave para evitar que tragédias como essa voltem a acontecer. É por meio do conhecimento e da conscientização que podemos combater as sementes do ódio que ainda hoje, infelizmente, germinam em diversas partes do mundo.

Neste Giorno della Memoria, convido todos a refletirem sobre o impacto da intolerância e da discriminação em nossas sociedades. Precisamos fazer mais do que apenas lembrar; precisamos agir. Cada um de nós tem a responsabilidade de garantir que essas histórias nunca sejam esquecidas e que, acima de tudo, essas atrocidades nunca mais se repitam.

Que a memória das vítimas nos inspire a construir um futuro onde o respeito às diferenças e a luta pelos direitos humanos sejam prioridades absolutas. Hoje, mais do que nunca, o passado nos ensina que o silêncio diante da injustiça não é uma opção.