top of page
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • YouTube

IMPROVÁVEL SEGUNDO TURNO BOLIVIANO MOSTRA QUE EVO MORALES SEGUE VIVO NO IMAGINÁRIO POPULAR

  • Foto do escritor: Bruno Soller
    Bruno Soller
  • 1 de set.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de set.

ree
Certa feita, o aragonês Francisco Goya, um dos maiores nomes da pintura espanhola e mundial cravou: “A fantasia abandonada da razão produz monstros, mas unida a ela, é mãe de todas as artes.” Ao transportarmos para os altiplanos bolivianos do início do século, o concreto e a mística produziram um efeito que mudou por completo o rumo do país mais pobre da América do Sul. A vitória de Evo Morales, ainda em primeiro turno, em 2005, foi a celebração de um representante popular, indígena, chegando ao mais alto posto de poder. Em crise absoluta, com a questão dos hidrocarbonetos e tentativas de deposição de Carlos Mesa, presidente à época, o país vivia um dos seus momentos mais difíceis do ponto de vista socioeconômico e viu no surgimento do líder cocaleiro, uma tentativa de dar à volta por cima.
 
De origem aimara, o vitorioso Morales, fez questão de ritualizar sua chegada ao cargo máximo do país em Tiwanaku, cidade que teve seu auge antes mesmo do império Inca, conhecida como cidade sol. Invocando sempre a fé indígena, a Pachamama, foi purificado usando um gorro de alpaca, um poncho e um colar de flores, com uma multidão ecoando o grito de Salve, Bolívia, Salve. Com um governo revolucionário para o que país havia até então experimentado, Evo enfrentou pontos que pareciam imexíveis na política local e ascendeu como um líder popular. A nacionalização de setores como o mineral e de gás, o reconhecimento dos direitos indígenas em uma nova Constituição, que mudou a república, agora chamada de plurinacional, e programas de transferência de renda, como o Renta Diginidad e o Bono Juana Azurduy, foram marcas, que permitiram uma aprovação recorde na sua gestão e o fizeram ser reeleito por mais duas vezes como presidente desse novo Estado.
 
Após mais uma busca por reeleição, repleta de tentativas de fraude, com inspirações venezuelanas, Evo Morales, vivendo seu pior momento como presidente, foi obrigado a renunciar e buscar asilo fora de seu país, com o risco iminente de prisão. Mas, nem mesmo com essa crise absoluta, sua força eleitoral foi abalada. Lucho Arce, seu candidato, foi eleito no ano seguinte, com o atributo de ter sido o ministro da economia, que havia permitido o salto de crescimento do país, durante os longos anos do MAS. Em primeiro turno, Arce derrotou justamente Carlos Mesa, o presidente que havia governado a Bolívia, antes da ascensão de Morales. O resultado mostrou que não cabia hipótese para um olhar para o passado.
 
Como parece ser praxe na América do Sul, a criatura poucas vezes consegue ter a dimensão do criador e Arce fez um governo absolutamente desastroso. Alguns podem dizer que essas criaturas são responsáveis por pagar as contas da irresponsabilidade de seus tutores, mas o fato é que para a aprovação popular, Arce se afundou e nem mesmo teve a possibilidade de pensar em buscar uma segunda oportunidade. Como Dilma foi com Lula, no Brasil, Moreno com Correa, no Equador, e sob outras circunstâncias, mas com efeitos parecidos, Fernandez foi com Cristina, na Argentina, Arce foi o ponto alto de decepção do eleitorado com um movimento populista e longevo.
 
A ruptura de Evo e Arce e o impedimento jurídico do primeiro, fizeram com que a esquerda boliviana ficasse absolutamente órfã de uma representação na eleição deste ano. Andrônico Rodriguez, que poderia receber a benção de Morales, acabou por ser preterido para uma campanha de voto nulo, conduzida pelo ex-presidente. E é aí que há uma demonstração de seu poder, mesmo com todas as denúncias de corrupção, tentativa de golpe de Estado e até na sua pessoalidade o ligando a casos de pedofilia. Quase 20% de quem poderia escolher algum nome, anulou seu voto, seguindo a orientação de Evo.  Soma-se a isso a surpreendente votação de Rodrigo Paz, que mesmo assim ficou abaixo dos anulados, mas que acabou por ser um receptor de votos de uma parte do eleitorado, que não queria as duas alternativas mais bem postas nas sondagens e que representavam a direita propriamente dita: Tuto Queiroga e Doria Medina.
 
Independentemente do resultado da segunda volta, o que fica claro é que a sombra de Evo Morales não desaparecerá do próximo governo. Ele é ainda o nome que movimenta a política boliviana. Será sobre um resgate ao evismo ou seu enterro absoluto que versará o próximo governo. Ao não ter indicado nenhum nome, Morales fez questão de mostrar ao mundo político, que aquele espaço do pensamento popular pertence a ele. Sua tentativa é arriscada, mas se o próximo presidente não conseguir resultados minimamente satisfatórios, em 2029, dez anos após sua renúncia, Evo estará de braços abertos, com a simbologia do guardião da terra e da prosperidade, próprios do sincretismo boliviano, para retornar à Casa Grande del Pueblo.

Comentários


Inscreva-se para receber nossas notícias

Sobre nós

A equipe do RT Notícias é composta por jornalistas experientes e especializados em cobrir eventos globais. Eles possuem vasto conhecimento no campo do jornalismo e estão comprometidos em fornecer informações precisas e imparciais aos leitores. O RT Notícias valoriza a verdade, a objetividade e busca oferecer uma visão abrangente dos acontecimentos que influenciam o mundo.

Redação :          82 99983-0935

                                 rtnoticiasal@gmail.com

 

img.icons8.com.png

Expediente: 

Direção Executiva Tayrone Carvalho​  Gerente Comercial e Marketing  Rosário Lessa​  Editor-chefe Regis Cavalcante - 278 MTE/AL​ Redação Débora Cândido (Editora de texto)  Desenvolvimento Thiago Afonso​  Contato: E-mail: rtnoticiasalagoas@gmail.com  
 
Endereço: Avenida Aristeu de Andrade, 483  Farol - Maceió - AL CEP.: 57051-090

© 2023 by RT Notícias.

bottom of page