Uma das maiores preocupações minhas como cidadão e historiador tem que ver com o desmoronamento em curso no país.
Seguir o nosso noticiário virou, em muitos momentos, um verdadeiro sacrifício. Violências de todo tipo, casos sistêmicos de corrupção, índices alarmantes no tocante à situação material vivida pela população. Difícil saber onde vamos parar, onde tudo isso vai dar.
Somos um país sem povo organizado e muito menos contra elite. As lutas travadas por aqui possuem um caráter meramente setorial.
Um pensador apontou lá atrás: quando os de cima não podem comandar e os debaixo não possuem um projeto alternativo, a sociedade se desagrega.
Um terreno fértil
para populistas e aventureiros de todas as colorações. Há inclusive uma tendência a substituir o fator social pelo racial por parte de algumas autointituladas vanguardas políticas, o que é extremamente perigoso.
Enquanto isso, patinamos em matéria de projeto de Nação e perdemos completamente o bonde da História.
Mutações no mundo do trabalho, por exemplo, escapam às nossas preocupações. O mesmo podemos dizer do meio ambiente, tão castigado. A identidade cultural brasileira, outrora tão vibrante, segue estraçalhada. E, para piorar, a nossa Democracia não anda lá muito bem das pernas.
Há algumas boas iniciativas, partindo tanto das instituições de Estado quanto da sociedade civil. Assim, precisamos aprofundar as conquistas do governo Itamar Franco, do Plano Real à promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), da criação do Ministério do Meio Ambiente à aprovação dos medicamentos genéricos. Estimular mais o trabalho por conta própria, na esteira do MEI, uma iniciativa do nosso Legislativo.
Isso, para não aludir ao respeito sempre necessário à Constituição de 1988, uma conquista das nossas forças democráticas e que tanto sangue custou ao povo brasileiro.
Exemplos como aqueles do Olodum na Bahia precisam se reproduzir por todo o Brasil.
Está mais do que na hora de os movimentos sociais e políticos do país e suas cabeças pensantes oporem o otimismo da vontade ao pessimismo da razão.
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