Marina ou Macron: qual tipo de terceira via Tabata Amaral representará em São Paulo?
- Bruno Soller
- 30 de jan. de 2024
- 4 min de leitura
Antes mesmo de começar a eleição para a prefeitura de São Paulo, um fato já pode ser dado como certo: Tabata Amaral é uma vitoriosa no processo. Independentemente de sua eleição ou não, a jovem deputada federal, de apenas 30 anos, tem todos os elementos para sair maior da disputa do que tem entrado nela. Até mesmo, se sucumbir a uma possível pressão para deixar a corrida para um posto de ministra, a empreitada já terá sido de sucesso. Com a ausência de jovens lideranças com apelo eleitoral, a parlamentar pessebista tem conseguido se sedimentar como uma alternativa à provável polarização e arranca de números satisfatórios para alguém que ainda precisa se tornar mais conhecida do grande público.
Com uma média na casa de 8% das intenções de votos, levando em consideração as últimas pesquisas de opinião divulgadas pela Atlas, Paraná e Datafolha, Tabata ainda aparece em um segundo pelotão no arranjo eleitoral paulistano. As movimentações políticas, entretanto, podem favorece-la a tal ponto que a deixe como a única alternativa possível entre o embate nacional Lula x Bolsonaro, que promete contaminar o eleitorado da cidade. Com a cada vez mais provável aliança entre Ricardo Nunes e Jair Bolsonaro e a dificuldade de Kim Kataguiri se viabilizar candidato dentro do União Brasil, o cenário político tende a criar três avenidas em São Paulo. Na raia da direita-conservadora Ricardo Nunes, na esquerda-lulista Guilherme Boulos e na terceira via Tabata Amaral.

Na eleição presidencial, a mais aguerrida da história, 15% dos paulistanos acabaram votando em candidatos que fugiam da polarização nacional. Esse número é praticamente o dobro dos 8% que escolheram candidatos sem que fossem Lula ou Bolsonaro quando pensamos em todo o território nacional. Só Simone Tebet chegou a fazer 8% na capital paulista, mostrando que há na cidade um potencial maior em busca de uma via que não esteja contaminada pelo dualismo lulobolsonarista.
Em regiões de poder aquisitivo mais alto, essa dinâmica por quebra da polarização ganhou contornos mais interessantes. Nos zonais do Jardim Paulista e Indianópolis, por exemplo, a soma das candidaturas de terceira via, na eleição anterior, atingiram 24% dos votos. Na Vila Mariana, 21% e em Perdizes, 19%. Há uma demanda natural nesses lugares por essa quebra da polarização. Mesmo que não majoritária, há indícios de que existe um espaço de construção para candidaturas que dialoguem com essa expectativa eleitoral.
Oriunda da periferia de São Paulo, Tabata, fez questão de lançar sua pré-candidatura na Vila Missionária, bairro onde cresceu, localizado na Zona Sul da cidade, na região de Cidade Ademar, onde Lula, com 51%, teria vencido a eleição em primeiro turno caso só fossem computados os votos da região. A estratégia de construir sua candidatura do subúrbio para o centro, além de dialogar com a sua história de vida, é fundamental para não permitir que acabe se reduzindo a ser uma candidata dos mais abastados da capital. Seu histórico eleitoral já aponta para isso. Foram nas zonas mais ricas da cidade onde Tabata foi mais votada para deputada federal na sua última eleição.

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