A Humanidade em Sua Encruzilhada: Entre o Real e o Ilusório
Regis Cavalcante
há 6 dias
2 min de leitura
Atualizado: há 3 dias
O fenômeno dos bebês Reborn não é apenas uma curiosidade mórbida ou um hobby excêntrico — é um espelho quebrado refletindo a profunda crise de significado que assola a sociedade contemporânea. Vivemos em uma era em que a simulação substitui a experiência, em que o vazio emocional é preenchido com silicone e encenação, e em que a dor da solidão é mascarada por rituais de falsa maternidade.
Se há algo mais perturbador do que adultos tratando bonecos como filhos, é a normalização desse delírio coletivo. Uma civilização que comercializa cadáveres de borracha como consolo, que celebra certificados falsos e chás de bebê para objetos inanimados, não está apenas buscando conforto — está fugindo da realidade. E pior: está sendo encorajada a fazê-lo por um mercado ávido por lucrar com a fragilidade humana.
Os bebês Reborn são sintomas de um mal maior: a incapacidade de lidar com a dor, a perda e a ausência em um mundo que prioriza a aparência sobre a essência. Se choramos por bonecos, mas nos tornamos indiferentes à vida real; se celebramos maternidades de fantasia, mas negligenciamos crianças reais; se trocamos o afeto genuíno por encenações vazias — então, não estamos evoluindo. Estamos regredindo para uma infantilização coletiva, onde a fantasia é preferível à verdade, não importa o quão dura ela seja.
O fechamento não está na condenação das pessoas que buscam conforto nesses objetos, mas na reflexão urgente sobre que tipo de sociedade estamos construindo. Uma que cura ou uma que anestesia? Uma que enfrenta suas dores ou que as esconde atrás de bonecos e hashtags? Se o século XXI será lembrado como a era em que preferimos simulacros à realidade, então talvez já tenhamos cruzado o limiar não da inovação, mas da desumanização.
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