Quando Angola completa 50 anos de sua Independência, proclamada em 1975, como sabemos, eu não poderia esquecer o meu saudoso amigo Alberto Passos. Um dos fundadores do Movimento Pela Libertação de Angola (MPLA), membro do Comitê Central desse partido, Alberto esteve preso em 1960 com Agostinho Neto. Ou seja, apenas quatro anos após a fundação do MPLA. Como o próprio Agostinho Neto, dedicou sua existência à libertação de seu país, sendo uma figura central na História recente de Angola.
Um dos momentos mais emocionantes da minha vida aconteceu quando o Alberto Passos nos convidou, ao querido Samuel Iavelberg e a mim, para almoçar com ele em Lisboa, precisamente no dia que o Brasil reconhecia a Independência de Angola. E o Alberto só nos revelou isso ao final do nosso almoço: “Vou me encontrar com o vosso embaixador. O Brasil vai reconhecer hoje a República Popular de Angola e eu serei o negociador”. Haja coração.
Assim, na antiga metrópole, as duas ex-colônias portuguesas colocavam um ponto final no colonialismo, após exatos quatro séculos de ocupação. Um dia realmente histórico e que nunca mais saiu da minha memória. De emocionar qualquer um. Ainda hoje.
Esse fato, por si só, revela o quanto o passado influi no presente ou o quanto o presente se prolonga no passado hoje. Como historiador, não posso ignorar isso. Além do que, nem é preciso recordar o quanto o Brasil deve a Angola, em todos os planos.
Tenho a firme convicção de que a África tem um extraordinário futuro pela frente, uma vez que, em 2050, de cada dois seres humanos, um nascerá no continente africano. Mais: dois terços das terras agricultáveis no mundo se encontram na África.
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