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Radicalidade Democrática ou guinada conservadora

  • Foto do escritor: Regis Cavalcante
    Regis Cavalcante
  • 28 de mar.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 30 de mar.



O nosso Partido, o Cidadania (antigo PPS), herdeiro do PCB (Partido Comunista Brasileiro), carrega em sua trajetória a resistência à ditadura militar (1964-1985), com figuras como Luiz Carlos Prestes, Astrogildo Pereira, Giocondo Dias,Jaime Miranda, Salomão Malina, Roberto Freire e tantos outros heróis simbolizando perseguição, tortura e morte, na entrega total pela luta fraterna por um mundo de justiça, paz, igualdade, fraternidade e humanismo. Essa memória deveria, em tese, alicerçar um discurso “antiautoritário intransigente” em momentos de crise democrática com ameaças a instabilidade política do País.

No entanto, a crítica aponta que, ao adotar um marketing genérico "partido do bem", o Cidadania esvazia seu potencial histórico de enfrentamento. Em vez de resgatar sua identidade como trincheira contra o autoritarismo, opta por uma comunicação aséptica, evitando polarizações necessárias em um cenário de riscos concretos à democracia (exemplos: questionamentos às eleições, ataques as instituições, desprezo a ordem democrática e tentativa de golpe no 8 de Janeiro).

Por que um partido com DNA da resistência democrática como carrega na sua essência o nosso partido, evita assumir posições contundentes em um momento crítico da vida nacional? Isto reflete o medo de alienar o eleitorado moderado? Falta de projeto político claro? Oportunismo eleitoreiro ou uma guinada para o conservadorismo de direita?

A escolha de utilizar IA no comercial destinado para ser afirmativo partidário, do seu ideário e bandeiras de afirmação política ficou no ar como uma ferramenta do distanciamento e compreendida como uma metáfora da superficialidade. A IA, embora inovadora, tende a generalizar discursos, reproduzindo lugares-comuns ("defesa da democracia", "justiça social", “trabalho digno”, “respeito, amor e liberdade”) sem conexão com pautas específicas ou propostas concretas. Sem projetar nossos líderes, sem estabelecer conectividade na defesa da causa. Isso cria uma ilusão de engajamento, substituindo a profundidade por algoritmos que mimetizam anseios sociais sem enfrentar suas causas estruturais.

Um comercial gerado por IA pode citar "combate à desigualdade", mas não menciona reforma tributária progressiva; fala em "democracia", mas silencia sobre a necessidade de reforma do Judiciário ou do sistema político apodrecido pelas emendas parlamentares secretas que ameaça esta democracia. A tecnologia, aqui, serve como cortina de fumaça para a ausência de conteúdo programático.

O que constamos de forma cristalina é o vazio escapista do "Partido do Bem" como forma de Marketing político versus realidade crua da crise de identidade que assolou a vida partidária que deixa todos estagnados.

A autoidentificação como "partido do bem" é uma estratégia de despolitização. Ao se apresentar como representante do "bem" abstrato, o Cidadania evita
definir inimigos políticos dentro e fora do partido. Afinal quem ameaça o "bem"? Quais grupos ou projetos estão em disputa?

Defender democracia exige confrontar atores poderosos (militares, bolsonaristas, corporações, milicianos, crime organizado). Discursos genéricos não geram engajamento popular, apenas assimilação passiva.

Isso reflete uma adaptação ao neoliberalismo político, onde partidos abandonam ideologias para se tornarem "marcas" que vendem valores universais, mas sem conflito. É uma estratégia de sobrevivência em um sistema político fragmentado, mas que enterra sua razão histórica de existir. E isto não devemos deixar acontecer porque ainda estamos aqui.

O momento exige partidos que denunciem a judicialização da política, com o uso seletivo da lei por falta de um poder legislativo forte que proponha mecanismos de participação popular além do voto. Enfrentem o revanchismo militar, os privilégios dos altos salários e o negacionismo.

Ao não fazer isso, o Cidadania naturaliza a crise, tratando-a como um "desvio" a ser corrigido por instituições, não como fruto de lutas de poder. Essa postura é funcional ao status quo, pois evita questionar estruturas que perpetuam desigualdades e autoritarismos como o papel das Forças Armadas na política. O Ministério da Defesa tem que deixar de ser o sindicato nacional dos militares.

A crise democrática que enfrentamos não pode ter a omissão como escolha. Para o público externo elogiamos o negacionista Trump e referendamos suas maldades catastróficas contra a humanidade. Não podemos ficar entre a memória e o esquecimento.

O Cidadania, ao negar seu passado de resistência democrática, perde a oportunidade de ser farol ético em um cenário de desinformação e ataques à democracia. Sua opção pelo marketing superficial revela uma crise de identidade. Partidos históricos, sem renovação geracional e programática, tornam-se fantasmas de si mesmos.

O medo de praticar a radicalidade democrática tem paralisado e anulado o partido perante à sociedade. Defender democracia hoje exige mais do que retórica; demanda rupturas com pactos elitistas. Por fim, o partido precisa quebrar essa aliança com setores conservadores? É isto que paralisa e influencia a timidez na defesa da democracia.

Esta é a ferida exposta. A omissão do Cidadania não é inocente: é sintoma de uma parcela que, em nome da "moderação", abraça o centro e a direita e se rende ao jogo político tradicional. Resta saber se sua base aceitará essa capitulação ou exigirá o retorno às raízes combativas. Estamos ou não estamos mais aqui? “To be or not to be, that is the question”.

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